Programa Viva o Semiárido participa de Intercâmbio Brasil-África

A consultora de Gênero, Raça, Etnia e Geração do PVSA, Sarah Luiza Moreira, do Programa Viva o Semiárido (PVSA) do Piauí, executado no Piauí pela Secretaria da Agricultura Familiar, está participando do Intercâmbio Brasil & África – Fortalecendo a equidade de gênero entre as mulheres rurais, que teve início na última terça-feira (14), de forma on-line. O evento tem como tema “Disseminação do uso das Cadernetas Agroecológicas: Uma experiência de sucesso nos projetos FIDA no Brasil”. A iniciativa é uma realização do Semear Internacional, conta com a participação das consultoras que integram o Comitê de Gênero dos Projetos FIDA no Brasil e faz parte de outra ação em parceria com a Associação para a Cooperação e o Desenvolvimento (Actuar) que vem fazendo uma série de webinários sobre Mulheres Rurais que estão acontecendo na plataforma AlimentaCPLP, criada para dar suporte a ações de intercâmbios na mitigação dos impactos da Covid-19 na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Participaram da abertura do Intercâmbio, representantes do Brasil, Portugal, Guiné Bissau, Angola e São Tomé e Príncipe, fortalecendo a Cooperação Sul-Sul.

O intercâmbio acontecerá em mais dois momentos, nos próximos dias 21 e 28, onde haverá troca de experiências sobre a realidade das mulheres rurais do Brasil e de diversos países da África e será compartilhado como tem sido a execução do “Projeto de Formação e Disseminação do Uso Consciente das Cadernetas Agroecológicas”, parceria realizada entre o  Programa Semear Internacional, o Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA-ZM), o Grupo de Trabalho (GT) de Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA) e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida).

Sarah Luiza Moreira explica que a Caderneta Agroecológica é um instrumento político-pedagógico criado em 2011 pelo Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA-ZM), em parceria com o Movimento de Mulheres da Zona da Mata e Leste de Minas, para mensurar e dar visibilidade ao trabalho das agricultoras agroecológicas, contribuindo para a promoção da sua autonomia. “A partir da interação com o GT Mulheres da Articulação Nacional de Agroecologia, a Caderneta foi levada para outras regiões do Brasil e do mundo”, frisou.

O objetivo do primeiro módulo foi promover a troca de experiências de ações para a promoção da igualdade entre os gêneros nos países africanos participantes e o Brasil, sob a perspectiva do Nordeste, e motivar o uso das cadernetas como instrumento que fortalece a vida das mulheres rurais, por meio da apresentação dos resultados do uso da Caderneta Agroecológica nos projetos apoiados pelo FIDA no Brasil. Para isso, após a apresentação dos participantes, foi realizada, pela consultora de gênero do Projeto Viva o Semiárido (PVSA), Sarah Luiza Moreira, uma apresentação do histórico das Cadernetas no Brasil (2011/2020), destacando-as como um importante instrumento político-pedagógico, que foi construído a partir de uma ação das mulheres rurais e técnicas da região da Zona da Mata e se multiplicou no Brasil e no mundo pela atuação e trabalho do GT Mulheres da ANA.

A Gerente de Gestão do Conhecimento do Programa Semear Internacional, Aline Martins, apresentou a Caderneta, as ações e resultados do trabalho que vem sendo realizado no Piauí, Ceará, Bahia, Sergipe, Paraíba e Pernambuco, que envolve 879 mulheres rurais e as equipes das entidades de Assistência Técnica Sistemática que fazem o acompanhamento do trabalho. Sarah Luíza destaca que “no Piauí participam dessa ação, 122 mulheres, sendo 63 dessas acompanhadas pelo Emater, 26 pela Cooperativa de Trabalho de prestação de Serviços para o Desenvolvimento da Agricultura Familiar (Cootapi), oito pela Empresa de Planejamento e Assessoria Técnica Agropecuária (Emplanta) e  25 pela Unidade Regional de Gestão do Projeto (URGP) de Picos”, conclui a consultora.

“Num momento tão difícil que o mundo vive em meio a pandemia e todas nós vivendo um momento tão desafiador, de conciliar nossas atividades domésticas, trabalho home office, desafio de falta de acesso a internet e cuidar dos filhos, e ainda assim, estamos conseguindo iniciar esse intercâmbio que vem a fortalecer a luta das mulheres, das mulheres rurais em especial,  num momento em que o mundo vivencia crescentes atos de racismo, sexismos e misoginias, penso que ao tratarmos hoje de temas como Agroecologia e Feminismo é um ato de poder que nós estamos exercendo hoje”, avaliou Aline Martins.

A assessora de Gênero, Raça, Etnia e Geração do Projeto Pró-Semiárido, executado pela Companhia de desenvolvimento regional (CAR) e vinculado à Secretaria do Desenvolvimento Rural da Bahia, Beth Siqueira, destacou a questão de gênero nos projetos. “Esse intercâmbio de experiências entre os projetos Fida da África com os projetos do Brasil é muito importante, para fortalecer o enfoque de gênero dentro das ações dos projetos. Inclusive deu visibilidade e fortaleceu o GT de Gênero dos Projetos Fida Brasil, ao apresentarem suas experiências com as cadernetas agroecológicas no Piauí, na Bahia e No Ceará”, finalizou.

 

Repórter: Edna Maciel com informações de Sarah Luíza