24 Maio, 2017 14:28

Governador recebe equipe do Fida para conclusão de missão

A missão do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida), no Piauí, para revisão de meio termo do projeto Viva o Semiárido completou, na sexta-feira (19), a primeira etapa com a visita a planos de negócios contemplados pelo Programa Viva o Semiárido (PVSA), executado pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural (SDR). Durante dez dias, três grupos formados por representantes da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural (SDR), do Fida e das co-executoras Emater, Seduc, Setre e Seplan, se distribuíram para visitar 17 projetos do PVSA nos territórios Chapada Vale do Itaim, Serra da Capivara, Vale do Guaribas, Vale do Canindé e Vale do Sambito.

Nesta semana, ocorre a segunda fase desta missão com a revisão de documentos e dos acordos firmados entre o Governo do Estado do Piauí e o Fida. Vários pontos serão aprofundados, levando em conta o que foi observado nos dez dias em que o grupo passou em campo, junto às comunidades. A etapa final desta missão no Piauí será durante uma reunião com o governador Wellington Dias, na próxima quinta-feira (25); oportunidade em que serão apresentados acordos e propostas para direcionar os trabalhos nos próximos três anos.

Para o secretário de Estado do Desenvolvimento Rural, Francisco Limma, já é possível ver o impacto positivo do projeto Viva o Semiárido nas comunidades contempladas. “Podemos perceber uma mobilização das comunidades em torno dos projetos. Há uma forte tendência dos planos de negócio voltados, principalmente, para ovinocaprinocultura e apicultura. São atividades que impactam na renda das famílias e na adoção de novas tecnologias. O público-alvo do PVSA são grupos remanescentes de quilombos, mulheres e jovens. Ou seja, com o aumento da renda ocorre a melhoria das condições de convivência no Semiárido, o fortalecimento da organização e a integração das atividades da agricultura familiar com projetos estratégicos desenvolvidos pelo estado”, ressaltou o gestor.

Hardi Vieira, diretor dos projetos apoiados pelo Fida no Brasil, participou da missão e afirmou que o balanço da equipe foi positivo, mas frisou que este momento é também de reflexão para garantir êxito até o fim do projeto, em 2020. “Temos 112 planos de negócios em investimentos produtivos já aprovados que estão chegando aos beneficiários em diversas comunidades dos 89 municípios das áreas de cobertura do PVSA. Entretanto, também encontramos vários fatores importantes que serão trabalhados para melhorar o resultado do projeto. Foi uma oportunidade de conversarmos com as comunidades, sentir como os planos vêm sendo executados e o que precisa de ajuste”, enfatizou Vieira.

Durante a atividade em campo, houve, em São Raimundo Nonato, a celebração da assinatura de termos de colaboração entre seis associações de agricultores familiares do território Serra da Capivara, contemplando 195 famílias com investimento de R$ 1.288.389,65 aplicados para o desenvolvimento da apicultura e caprinocultura daquela região.

Queimada Nova - Revolucionando a criação de ovinos e caprinos 

No dia 12 deste mês, um grupo da missão visitou à Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos do Município de Queimada Nova (Caprinova), fundada em 2010 e localizada na Chapada Vale do Itaim. Apesar do pouco tempo de existência, essa associação se destaca pelo crescimento acelerado do número de rebanho, possuindo cerca de 10 mil animais, representando um terço dos caprinos e ovinos daquele município. Dos 49 associados, 14 são beneficiados pelo PVSA, que investiu R$ 163 mil para o melhoramento do centro de manejo do rebanho e assistência técnica sobre manejo reprodutivo, sanitário e nutricional dos animais.

O projeto também financiou nesta área a abertura de um açude e ainda reforçou a pastagem com o plantio de palma forrageira, consorciada com a leucena e o gliricídio. Cada um dos 14 sócios da Caprinova, que fazem parte do projeto, possuem em média 10 toneladas de material ensilado (sorgo forrageiro, milho, leucena, gliricídio, capim elefante e cana de açúcar).

Para Francisco Ribeiro das Chagas (Chicão), diretor de Combate à Pobreza Rural da SDR, este projeto pode ser considerado revolucionário por garantir a alimentação dos animais no período de estiagem, caso ocorra. “Antes do PVSA, ficávamos angustiados muitas vezes por não poder aproveitar a chuva que caía e guardar água e alimento para períodos mais críticos. Já havíamos iniciado o processo de melhoramento de rebanho, mas precisávamos avançar ainda mais e o Viva o Semiárido nos deu esta oportunidade e já estamos colhendo bons resultados”, afirmou Gildeci Rodrigues Reis, beneficiário do PVSA de Queimada Nova.

 Povoado Moreira - Piscicultura no Semiárido

Maria Aparecida da Silva Santos é moradora da comunidade Moreira, município de Dom Inocêncio, e sócia da Associação Rural dos Irrigantes e Piscicultores deste povoado. Beneficiária do projeto Viva o Semiárido, Aparecida é agricultora familiar e, em sua roça, planta cheiro verde, cebola, alface, beterraba e coentro. Vende seus produtos na localidade e nos municípios vizinhos e relembra dos tempos difíceis e da nova fase promissora, devido ao apoio do Viva o Semiárido.

“Nasci no Moreira Velho, aqui próximo. Lá, passei meus 40 primeiros anos de vida. Cresci ali, onde eu e minha família tínhamos nossa terra para plantar, mas as águas invadiram nosso lugar e os nossos sonhos. Foi quando, no ano de 2000, viemos para cá. O Governo do Estado indenizou todas as famílias que possuíam casa própria, dando condições para recomeçarmos e o PVSA contribuiu aprovando nosso plano de negócio e profissionalizando nossa principal atividade, que é a piscicultura. Com parte do recurso do Viva o Semiárido, foram comprados 26 tanques-rede e a gente ainda recebe assistência técnica do Emater. Gosto de morar nesta comunidade. Para mim, o paraíso é aqui”, declarou Maria Aparecida.

De acordo com o presidente desta associação, Raimundo Nonato dos Santos Silva, tanto o trabalho, quanto o lucro são divididos em partes iguais entre os associados do projeto. “É mais fácil atingirmos nossos objetivos trabalhando em coletividade. Estamos começando a ver os resultados do PVSA aqui no nosso povoado. A nossa meta é produzir 40 toneladas de peixe por semestre. Com a aplicação destes R$ 205.474,16 do projeto Viva o Semiárido, temos meios de conseguir nosso objetivo”, disse Raimundo Nonato, completando que embora a atividade principal seja a piscicultura, o povoado Moreira também atua na horticultura, apicultura e ovinocaprinocltura.

Comunidade Onça - Incentivos na apicultura e ovinocaprinocultura 

Rosilane Gomes dos Santos tem 17 anos e mora com a família na comunidade Onça, na cidade de São Raimundo Nonato. Ela faz o ensino médio e iniciou, neste mês, o curso de mecânica para motos, oferecido pelo PVSA, por meio de parceria com a Secretaria do Trabalho e Empreendedorismo (Setre), co-executora do projeto. “Gosto de conhecer várias coisas e vi neste curso uma chance de ampliar meus conhecimentos e, quem sabe trabalhar com isso, futuramente. Eu e os outros jovens contemplados estamos muito felizes com esta oportunidade”, antecipou Rosilane, cujos pais são sócios da Associação dos Moradores da Comunidade Onça e beneficiários do projeto Viva o Semiárido.

Os 44 sócios, dentre eles mulheres e jovens, desta associação foram contemplados pelo PVSA com investimento de R$ 339.148,15 para desenvolvimento da apicultura e ovinocaprinocultura local com a aquisição de 918 colmeias, implantação de pastagem, de capim de corte e de pisoteio e de palma forrageira, aquisição de matrizes ovinas mestiças e de reprodutores ovinos mestiços, compra de indumentária, botas, luvas, fumigadores, cilindros alveolador, aquisição de chama de enxame e assistência técnica.

Chicão enfatizou que agora a missão do Fida pode ver o desenvolvimento de todos os segmentos do projeto. “As ações de apoio às atividades produtivas estão a todo vapor e representam o maior avanço do projeto. Também há ações de formação dos jovens em empreendedorismo rural, em parceria com a Setre. Da mesma forma, está atuando a Seduc com sua equipe capacitando professores das Escolas Rurais em Educação Contextualizada para o Semiárido. Assim fechamos o ciclo de ações: projetos produtivos, assessoria técnica, formação para os jovens e educação contextualizada nas escolas”, finalizou o diretor de Combate à Pobreza Rural da SDR.